terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O CORPO EM TRÊS TEMPOS


Ano 1972 - 18 anos

Uma matéria no jornal, me chamou atenção, na verdade foi a foto que me seduziu, uma bailarina sentada no chão com uma grande saia rodada que cobria suas pernas.

Falava de seu trabalho com o corpo, propunha exercícios que fossem menos mecânicos e que integrassem sentimento e criatividade, acreditava que o corpo tivesse algo a dizer.
Fiquei fascinada!
Esta bailarina era Gerry Maretzki.

Não sei por quantos anos fiz aulas com ela, posso garantir que mudou a minha vida.

Anos 80

Outro cenário:
Academia de ginástica, salão com paredes de espelhos, malhas de lycra coloridas, meias de lã e tênis. Lembro que algumas mulheres usavam calças de plástico para suar bastante, acreditavam que diminuíam o culote, ainda bem que nunca tive culote.
A aula começava com 15 minutos de corrida ao som de Dire Straits. O circuito era sempre o mesmo, em fila corríamos ao redor da sala e cortávamos uma diagonal no centro.
Colchonetes no chão a aula variava entre barra, bastão, peso nas pernas e nos braços, o objetivo era trabalhar  abdômen, pernas, braços e glúteo.
Foi uma fase, não sei por quanto tempo, sem dúvida me ajudou bastante mas não mudou a minha vida.


2001

Casada com filho:
Encontrei com uma amiga e achei-a muito bem, papo vai papo vem e ela me disse que estava tendo aulas com uma personal, por via das dúvidas e um pouco descrente anotei o telefone, será que vou telefonar? Mas afinal, eu mereço! 
Eu precisava de alguma coisa que mexesse no meu corpo, fizesse circular a minha energia e que não me agredisse, eu acabara de passar por cirurgias e precisava de um afago no corpo e na alma.

Conclusão: faço aulas com ela há 15 anos. 
Faço exercícios que não conseguia, sou muito mais alongada e flexível e meu tônus muscular mais firme.

Decididamente mudou a minha vida.

Obrigada Itana









quinta-feira, 17 de novembro de 2016

JOÃO PESSOA


Em 1948, recém casado, viajando para a Europa de navio meu pai apontava para minha mãe sua cidade natal João Pessoa, ele não poderia imaginar a dimensão e o significado deste gesto

...68 anos depois...


sábado, 4 de setembro de 2010

A Casa da Barão



Casa azul
Janelas e portas brancas
Coluninhas na varanda
Passagem secreta por dentro do armário
Banheiro preto e rosa cheio de espelhos
Tanque na varanda

Esta é a casa da Barão, onde nasci e morei até quase quatro anos.
Apenas lembranças congeladas, sem vida sem movimento, sem pessoas

Que pena!

50 anos depois..... decidimos vendê-la

Entrei.

Casa velha , vazia, mal cuidada.
Percorri seus espaços . 
Quem sabe ali eu conseguiria me lembrar de mais alguma coisa, cenas, palavras soltas, pessoas andando, sei lá, qualquer coisa que me fosse familiar.
Nada.
  
Onde estavam todos?

Passei a ir lá com frequência, fotografei, curti, acompanhei a obra, deixei de lado todas as lembranças congeladas, a aflição, a vontade de sentir qualquer coisa, qualquer emoção.
Fui vivendo seus espaços , tomando posse daquilo que sempre foi meu, resgatei  remota lembrança.
 enfim....







domingo, 15 de agosto de 2010

O Piano


Impossível ouvir Chopin e não pensar na vovó!



Vovó era brava, rígida, confesso que quando criança eu morria de  medo dela, mas bastava que se sentasse ao piano e.... vovó se transformava, parecia que flutuava com a música, seu corpo balançava como um pêndulo, me hipnotizava era mágico!

Levava-me às aulas de piano, estudava comigo, dava pitos, ralhava "menina olha o ritmo"eu pequena, estremecia.
   
Meu sonho era tocar igual a ela.
Na minha fantasia infantil achava que bastava sentar ao piano e saber balançar o corpo que  tocar seria um mero detalhe.


O tempo foi passando e vovó foi mudando foi ficando mais avó,doce,carinhosa,divertida, ótimo papo,e sempre muito generosa. 


Quando morreu com quase 102 anos, ela não tocava mais,ouvia mal,os dedos doíam e os olhos já não liam as minúsculas notas, mas nada disto importava porque aquele balanço continuava nela e ainda me hipnotizava .

Discretamente sem percebermos e com toda a elegância de sempre, a mágica não existia mais,Vovó e o piano já tinham se tornado uma coisa só.

domingo, 20 de setembro de 2009

Meu Avô


Adorava meu avô!

Era divertido, carinhoso , encantador.
Reunia os netos à sua volta e contava muitas histórias, nem sempre eu entendia mas ficava paralizada com seus gestos,com suas palavras com seu encanto .
Meu avô era balinha de cevada, biscoito maria com manteiga e açúcar, "dona mariquinhas mudou-se daqui para ali", barulhinho na escada por causa da chapinha de metal nos seus sapatos, confete e serpentina, redações em plenas férias, meu avô me chamava de minha rica, e eu pensava: será que o vovô pensa que sou rica?
Meu avô lia muito , sempre mais de um livro por vez e hoje tenho um hábito que acho delicioso e certamente herdei dele, ler de manhã cedo. Quando o horário me permite pego meu livro ainda na cama arrumo os travesseiros para me recostar e uma sensação de aconchego e prazer me invade ....

sábado, 19 de setembro de 2009

Cultura

Não sei bem porque resolvi fazer um blog, não tenho o hábito da escrita, nasci e fui criada numa família de pessoas intelectuais, cultas e uma de minhas maiores preocupações era ter cultura.
Criança adora ouvir conversa de adulto e eu, sempre curiosa, adorava. Me lembro de ficar sentada na pontinha da cadeira de minha mãe e assistir, àquelas senhoras de diversas idades, tricotando, bordando e conversando. Falavam de livros, pintura, teatro, e não sei porque mas a palavra "cultura" não me saia da cabeça, não sabia exatamente o que significava mas sabia que era algo que eu tinha que adquirir.